Quem me acompanha sabe que tem tempo que desisti de ser uma pessoa só. Escolhi ser múltiplos, percorrer vários caminhos, sentir mais de uma vez a sensação da linha de largada. Escrevi em uma ocasião sobre isso, sobre as pessoas que são como a Voyager e se lançam e singram o espaço sem parar (foguete não dá ré) e sobre as pessoas que desenham pétalas, indo e vindo, começando e recomeçando, muitas vezes em paralelo. Eu sou desse grupo.
Um desses muitos eus é o que resolveu levar mais a sério o ato de escrever, de pensar mundos, possibilidades futuras e/ou absurdas. Esse eu está dando um passo singelo, mas significativo para mim. Escolhi o caminho da independência como autor, e tenho autopublicado boa parte do que escrevo. Mas, aprendi, independência não é solidão. Foi quando descobri um grupo de autores de ficção científica brasileiros que se uniram para contribuir uns com os outros. Gente que não vê outro escritor como concorrente, mas como alguém que compartilha a paixão e o prazer por ler e criar universos. Sozinho, se vai mais rápido. Junto, se vai mais longe.
Encontrei essa turma e me encantei com a possibilidade do fazer colaborativo. Uma comunidade como tinha conhecido e estudado tantas vezes em meus muitos mergulhos no universo da tecnologia. Um quê de blogosfera, de Wikipedia, dos BBSes lá no século passado. Comunidades, no sentido tão desgastado do termo. Meus Eus olharam e gostaram do que viram.
Eis que me junto a essa comunidade, ao selo Saifers de escritores brasileiros de ficção científica, um selo que agrupa 50 títulos, entre romances, contos e antologias de, hoje, 8 autores e embaixadores dedicados a levar essa literatura contemporânea a mais pessoas. Gente de todo o Brasil, de vários (ou nenhum) credos, xóvens e véios paradoxais.
Chego, humilde, visto que nessa estrada mal passei da linha de largada, com três trabalhos que passam a integrar o catálogo do selo, os contos “Os corpos perfeitos de Dre. Inebre” e “Sobre o deenério, suas características e a inviabilidade circular“, além de meu romance de humor “IVUC – A Iniciativa C’ach’atcha“.
A ideia é lançar pelo selo Saifers, esse ano, uma nova coleção de contos e um novo romance, o tal que se passa em Marte e que tem um protagonista que vocês vão amar detestar.
E tem mais uma novidade: para quem prefere ler livros em papel, IVUC ganhou uma versão física, já como Saifers e com uma diagramação incrível, que estará disponível em livrarias digitais nos próximos dias. Eu aviso por aqui assim que chegar às lojas.