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Isaac Asimov Magazine: iniciação científica

Written by

Roberto Cassano

O ano era 1990. O Brasil vivia um período distópico. Collor havia confiscado o dinheiro da poupança dos brasileiros e a situação financeira ainda pioraria bastante. Para um nerd suburbano adolescente metido a cientista, acesso a computadores e itens eletrônicos demandava operações que mais pareciam negociatas com algum cartel de drogas, fora quantias financeiras em geral inacessíveis. Ainda ecoava em mim o trauma da explosão do ônibus espacial Challenger e o fiasco da visita do cometa Halley, ambos em 1986. Mas havia uma esperança. Novos e fascinantes mundos começaram a se abrir quando tomei contato com a versão brasileira da Isaac Asimov Magazine, publicada por aqui pela Ed. Record, entre 1990 e 1992.

Tive/tenho três das 25 edições publicadas no Brasil. Elas traziam diversos contos cuidadosamente selecionados, editados e com traduções excelentes. Ainda havia ilustrações, algumas com agradável toque pulp. As duas primeiras revistas me custaram Cr$ 99 (99 cruzeiros. O Plano Real só surgiria quatro anos mais tarde), mas o preço logo subiu para Cr$ 130. Inflação. Para fins e comparação, o gibi da Turma da Mônica custava Cr$ 50 nesta época. Podemos dizer que eram bastante acessíveis. Foi meu primeiro contato com muitos grandes nomes da ficção científica. Em um dos contos, conheci a Lei de Tchekhov pela voz de uma das personagens: “se um revólver aparece em uma cena qualquer de uma história, é porque ele será disparado até o final.

O Isaac Asimov custava uma Cecilia Meireles. Depois, o preço subiu.

Revisitando recentemente os exemplares de páginas amareladas, me surpreendi com um dos autores. Ele mesmo, George R.R. Martin, de Game of Thrones, apresentado como roteirista de Além da Imaginação e autor do premiado conto Portrait of His Children. Sua história, A Flor de Vidro, conta com valiosa tradução de Fábio Fernandes.

Conto de George R.R. Martin na Isaac Asimov Magazine

Incrível como uma pequena coleção de livros de bolso/ revistas literárias pode ter marcado tanto, tido uma importância tão grande em minha já evidente paixão por tecnologia e SciFi. Isaac Asimov tinha a Força.

Os contos da Isaac Asimov Magazine . A revista também tinha entrevistas e uma seção de cartas dos leitores, além de editoriais assinados pelo próprio Asimov.

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