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A era dos festivais e eventos sem cerveja quente e fila pro banheiro

Written by

Roberto Cassano

A julgar pela quantidade de pessoas em bares e restaurantes no pós-quarentena, os grandes festivais de música não sumirão do mapa. Serão viabilizados por vacinas, pela ilusão de segurança dada por máscaras descoladas e iluminadas com led patrocinadas por algum banco ou marca de chiclete ou mesmo por nossa impressionante capacidade de negar riscos evidentes ajudarão a lotar arenas e cidades temáticas em todo o planeta.

O mesmo vale para nosso carnaval de rua e para tantos outros eventos. O “novo normal” (argh), ao que parece, tende a ser bem parecido com o “velho normal” (argh argh). Parecido, mas não tem como ser igual porque a caixa de pandora de novos comportamentos foi aberta.

Com um filho de 9 anos em casa, foi impossível evitar certas concessões tecnológicas. Liberamos os jogos multiplayer com os amigos, conversas com a “galera” por Skype ou Discord e ele descobriu novas formas de usar computadores para se divertir e para estudar também. Talvez ele tenha acumulado mais horas de Zoom durante a quarentena do que eu.

Uma das descobertas mútuas, de pai e filho, foram os eventos virtuais dentro de games. Pra quem viveu a rápida bolha do Second Life (consulte o Google se for jovem demais para ter se aventurado nas ilhas do SL), o deja-vu é forte, mas a experiência atual é significativa melhor e mais massiva.

Se na época do Second Life poucos tinham computadores e conexões capazes de oferecer experiências realmente imersivas, o evento “O Dispositivo”, que marcou uma mudança de temporada no jogo Fortnite, foi vivido (sim, vivido, mais que assistido) por 12 milhões de pessoas DENTRO DO GAME, acessando por consoles, tablets, celulares e computadores.

12 milhões é gente pra caramba

Depois de apresentações “ao vivo” de DJs e premieres de filmes, a Epic Games criou uma área de eventos dentro do jogo, uma espécie de centro de convenções virtual, especialmente para estas experiências. Ao invés de atirar nos amigos, você pode curtir um som, ver um cinema ou, quem sabe, ser apresentado a um novo carro, celular ou coleção de tênis.

Parece melhor que drive in. E pior que simplesmente botar o filme pra tocar na Netflix.

Os festivais virtuais podem ter escala global. E o alcance vai além da música e do cinema. No Rio de Janeiro, Flamengo, os demais clubes e a TV Globo estão em guerra pelos direitos de transmissão dos jogos da equipe rubro-negra. Na Europa, a Amazon já transmite partidas.

Como será a experiência de acompanhar uma final da Champions League da arquibancada virtual de uma réplica perfeita do estádio, podendo interagir com os torcedores ao lado e fazer coisas que vão além de simplesmente replicar o espaço real — nos shows do Fortnite você pode saltar em pisos-elásticos, viajar para o espaço, ser teleportado para dimensões mágicas etc.

Como experiência para o público e para marcas, como se compararão grandes festivais físicos regionais com os festivais virtuais globais?

Que novos players estão se juntando à indústria do entretenimento?

Perguntas que veremos respondidas em breve. Provavelmente com um joystick em mãos.

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