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Leituras de agosto (ou quase)

Written by

Roberto Cassano

Agosto foi um mês corrido, com muitos projetos no trabalho e os preparativos para o lançamento do livro, IVUC. Mesmo assim, deu para acumular milhas com leituras diversas. Foram muitos contos, novelas e dois romances. Mesclei ficção científica brasileira com alguns clássicos. Vem pra resenha!

O problema dos três corpos

Best-seller do autor chinês Cixin Liu, O problema dos três corpos já virou até série de TV, mas eu ainda não tinha lido. É um livro que caminha para se tornar clássico da Hard SciFi e é um daquele enredos que só lendo mesmo. A premissa vem desafiar o que a gente entende como realidade, incluindo situações em que alguma força/entidade/whatever consegue “imprimir” horários e contagens regressivas em tudo que vemos ou registramos, ou mesmo controlar o universo visível. A história une realidade virtual, pesquisa científica de base, civilizações alienígenas, mistérios matemáticos da Física e momentos de ação estilo “Missão Impossível”, tudo por um olhar chinês e não hollywoodiano. Super, super, super vale. Mas, nem tudo são flores.

Três problemas do Problema de Três Corpos:

  1. Trilogia. Eu só queria ler um livro, não assinar um contrato de longo prazo. Abaixo a ditadura das trilogias!
  2. Personagens rasos. O enredo é incrível e é um ótimo livro apesar dos personagens unidimensionais, meio rasos. Os diálogos acabam sendo ruins também, por conta disso.
  3. Etnocentrismo. Chamem Michael Burnham ou algum outro xenoantropólogo pra ajudar aqui. Algumas inferências sobre o jeito de seres extraterrestres pensarem me pareceram presos demais à referência terrestre. Se falar mais, darei spoilers.

Um passeio pelo Caos

Um Passeio pelo Caos: contos do cotidiano distópico é a primeira coletânea de contos do autor brasileiro Vinícius Canabarro. São oito histórias que nos mergulham nas vísceras (em geral, repugnantes) da experiência humana. O maior desafio do escritor distópico é disputar com a realidade, e Vinícius encara o desafio nos provocando reflexões do tipo: “Ah, mas ninguém faria isso. Não. Faria. O pior é que faria. Fazem, inclusive.” Meu destaque vai para duas histórias que levam ao extremo movimentos retrógrados e de intolerância que proliferaram nos últimos anos.

Alma

Alma, de Fernando Rômbola, é o terceiro texto de uma quadrilogia, construído como um conto longo/ novela/ romance curto (aliás, esse híbrido entre romances e contos que a literatura digital propicia rende um post à parte). Temos aqui uma experiência repleta de paradoxos, multiversos e viagens no tempo enquanto acompamhamos Alma, uma humana (?) ciberneticamente aumentada com IA embutida (imagine uma pessoa com uma Super Alexa dentro dela) em uma jornada para descobrir quem é e qual seu propósito.

No caminho, vamos conhecendo mais e mais de um futuro distópico e dos limites éticos, tecnológicos, físicos e biológicos do Homem.

A arma

O conto A arma, de Philip K. Dick, foi publicado em 1952 e entrou em domínio público. Esta versão em ebook, que custa apenas R$ 1,99 e pode ser lida de graça pelo Kindle Unlimited, foi muito bem traduzida por Laura e Lilian Scaramussa Azevedo. Bastaria dizer que é um texto de Philip K. Dick para embasar a indicação, mas vou além. É uma baita história, sobre uma nave que descobre um planeta desolado por uma explosão nuclear (a história foi escrita com a Terra ainda sacolejando pela bomba em Hiroshima). Ao se aproximarem, uma arma dispara. Quem? Por quê? Como? Pra quê? Baixa lá.

Todos (Danilo Heitor)

Todos, de Danilo Heitor, é uma novela que me impactou. Rápida e direta, é uma história adaptada de um podcast. Isso explica o estilo narrativo, em que vamos descobrindo um capítulo/episódio por vez, junto com o interlocutor invisível do protagonista, quem é e o que aconteceu com um centésimo décimo segundo assassinado do Massacre do Carandiru que escapou da morte e foi parar em uma São Paulo distópica e militarizada. É outra história com viagem no tempo, mas também com vingança e o olhar da periferia.

2BR02B

Outro conto das antigas resgatado na era digital, 2BR02B: ser ou nada ser, é uma história Kurt Vonnegut publicada em 1962. Nela, a humanidade superou uma grave crise de superpopulação com avanços médicos que permitem a cada pessoa viver quase que indefinidamente. Mas tem um porém: para cada nova pessoa nascer, alguém precisa escolher morrer.

IVUC – A Iniciativa C’ach’atcha

Tive que reler (pela 59483a vez) meu próprio livro, IVUC – A Iniciativa C’ach’atcha, nas últimas revisões antes do lançamento, no finzinho de agosto. É uma ficção científica/ ópera espacial com muito humor. Eu gostei mesmo e fiquei impressionado com o autor 😂. Mas o ideal é que, nesse caso, você tire suas próprias conclusões.

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