De volta para o futuro: chegou a newsletter do Brogue
Já são 15 anos trabalhando diretamente com redes sociais, um tanto mais lidando indiretamente com elas. Foram as redes sociais que me fizeram dar uma guinada de carreira, por volta de 2008, quando vi que a disciplina que chamávamos de branded content precisava se reinventar para incorporar a voz do público-consumidor-criador, dividir a bola com as pessoas na hora de se criar histórias. Era o fim de um monopólio dos discursos, e isso valia tanto para marcas quanto para os grupos de mídia.
Era um mundo novo a ser desbravado, com inúmeras possibilidades, ferramentas e uma deliciosa miríade de novos atores – e autores – e pautas, temas, memes, linguagens. Tudo seria melhor, mais democrático, mais aberto e acessível, cada voz teria como encontrar ouvidos atentos e os pássaros cantariam pousados nas redes digitais como em musicais da Disney. Tudo era revolucionário, lindo e promissor.
Os sábios gurus do Choque de Cultura já nos alertaram: quase sempre as crianças bonitas viram adultos esquisitos. Não é caso perdido, tampouco motivo de abandonarmos o barco que ajudamos a construir, mas é inegável que as redes sociais se tornaram adultos esquisitos frequentando quebradas estranhas. Aquela voz que seria conquistada hoje é limitada por algoritmos ou por um balcão de negócios onde aparece mais quem paga mais. As marcas também sofrem e sofreram ao longo de vários movimentos. Lembro de uma época em que várias abandonaram seus sites institucionais para mudar suas sedes virtuais para plataformas sociais.
É claro que há muito o que extrairmos das plataformas sociais, muitas pessoas e marcas ainda constroem suas identidades, carreiras e resultados nelas. Seguimos nos empenhando em construir conteúdos relevantes para marcas (corporativas e pessoais) nas diversas ferramentas. Mais parecido com o branded content de 2008 do que se poderia imaginar à época, mas ainda firme e forte.
Mas é preciso olharmos para o macro, entendermos um mundo que acolha e utilize as plataformas sociais sem se restringir a elas. A dinâmica de redes em que se baseiam todas as ferramentas sempre tende ao monopólio, os “ricos ficam mais ricos”, e o final não é saudável para ninguém. Esse olhar macro precisa contemplar o futuro, sempre, mas também resgatar e revisitar o passado.
Antes de me encantar com as redes sociais, já trabalhava com digital. Há 27 anos, em meu primeiro emprego, o desafio era criar informativos por e-mail para pesquisadores de Ciências Sociais e Arquivologia. Newsletters, como essa que acabo de criar para os poucos e bons leitores do Brogue.
Soluções como as newsletters e plataformas como o Substack são importantes porque permitem uma relação direta, filtrada pelo interesse do público e não por um algoritmo externo. Ela se completa e se integra às redes sociais, aos sites, aplicativos, metaversos e o que mais se queira explorar. É por isso que, recentemente, adotei o Mastodon, que resgata a lógica de rede social (e não de mídia social) lá daqueles primórdios.
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