Como melhorar as campanhas políticas? Proibindo as campanhas
O jornalista Pedro Doria fez em sua série de artigos sobre história e sobre o momento político atual brasileiro uma das explanações mais lúcidas sobre o que de fato está acontecendo. Em resumo, o que testemunhamos não é um golpe, tampouco a vitória final sobre uma inédita e inusitada quadrilha de bandidos que violou o templo sagrado e imaculado de nossa democracia.
O que estamos presenciando é parte do jogo, seja no rito processual, seja nas bandalheiras que o provocaram. Em síntese, o desvio faz parte da norma-padrão da política brasileira. E às vezes ele dá errado para quem o pratica.
Não teremos “vencido a corrupção”, não teremos recolocado o país no rumo certo sem rever o sistema, sem rever o processo pelo qual pessoas chegam ao poder, e como elas o exercem.
Dia desses, Marcelo Tas destacou uma proposta que surgiu nos EUA, de substituir as eleições de representantes do povo por um sorteio. Os membros do legislativo seriam escolhidos aleatoriamente e, com isso, o grave problema de representatividade que aflige boa parte dos parlamentos do mundo se resolveria. Quanto ao nível de qualidade e preparação do legislador, pior não ficaria, como diz sua excelência Tiririca.
Publicidade controlada para álcool, tabaco e políticos
Penso se já não estamos prontos, como sociedade, para avançarmos no modelo político e, de fato, escolhermos nossos líderes e representantes por suas ideias e programas, e não pelo jingle.
Penso numa eleição sem propaganda política. Nesse modelo, ficariam proibidas todas as formas de campanha: sem horário na TV, sem vídeos, jingles, comícios, aperta-mão, depoimentos de artistas, nada.
Em paralelo, seria oferecida a todos os candidatos uma plataforma padrão: um site, padronizado, sem firulas, estilo Wikipedia, onde todas as legendas deveriam responder a um questionário padronizado (proposta para educação, o que acha do tema tal etc…). Os eleitores poderiam sugerir questões e votar nas mais relevantes, no modelo dos fóruns do Reddit. As perguntas com mais votos seriam replicadas e respondidas por todos os candidatos.
Além disso, os debates na TV aberta e no rádio seriam intensificados, permitindo o confronto direto de ideias e, com a combinação de internet + TV aberta + rádio, teremos a garantia de amplo alcance e inclusão dos brasileiros.
Por tratar a publicidade política como algo sério e sujeita a controle tal qual itens como álcool e tabaco, teríamos uma redução brutal de custos. Isso reduz a necessidade de se captar recursos (e o uso de caixa 2) além de igualar as janelas de visibilidade de nanicos e de tubarões, reduzindo o ímpeto de se criar legendas de aluguel, reduzindo o vício das coligações e dando espaço para a renovação política.
O modelo tem uma falha que ainda não consegui resolver: ele dá vantagem ao candidato da situação, pois este poderia contornar a lei fazendo campanhas por meio das estatais para vender seu peixe, como nos filmes da Caixa Econômica Federal, sendo veiculados agora, que falam do futuro do Minha Casa Minha Vida até 2018 (que, subtende-se, estariam em risco com a saída do PT do governo). Alguma ideia para resolver isso?
Join the discussion