O fim dos tempos
Um voo intrometido numa praia que não é a minha, essa poesia retrata o fim da vida de nossso Sol, quando ele se tornará uma estrela gigante vermelha, destruindo os planetas da órbita interior, incluindo nosso pálido ponto azul.
Não restava vivalma na pedra Que nos servia de casa Quando o Sol se agigantou. Não foi o fogo, foi o branco De um calor tamanho Que fundiu em si Todas as cores. Do mar, em branco evaporou-se o azul Da mata, amarelou-se o verde E em branco, o amarelo se fez cinza. Na briga, não eterna Entre querer o universo E a contrição da gravidade Ganhou o querer E gigante o Sol ficou. Como se de saudade morresse Fez da Terra sua consorte. Como se uma serpente fosse O beijo era de morte. Não foi o fogo, foi o branco. Como não restasse vivalma Quando o Sol ficou gigante Ninguém viu, nem sofreu, porém. Nem branco, nem fogo, nem nada. Depois o Sol fraquejou Vencido pela gravidade. Encolheu, murchou, apequenou. Fraco para explodir Forte para abrandar Matou o que já definhara. Tornou-se estrela anã. Não era fogo, mas branca. De nós, sobrou a pedra esturricada Onde já não restava vivalma. Porque matar-se em fogo É coisa do Homem, não do Sol. Ao fim, só restou Um silêncio branco. Um Sol moribundo. Uma rocha esturricada. Sem fogo, nem nada. Sem cor, nem corpo. Sem vivalma.