Skip to content

Obituário – Stelita Star, artista plástica

Written by

Roberto Cassano
A performance Crocolaser lançou a carreira internacional de Stelita

Stelita Star morreu ontem, aos 75 anos, quando sua mais recente instalação artística explodiu durante a inauguração da exposição “Fusões do Eu Interior Coletivo 3”, em Recife do Sul. O incidente provocou a evacuação completa da cidade até que os níveis de radioatividade voltem a patamares considerados seguros pelas autoridades.

Stelita iniciou a carreira artística muito jovem, buscando inspiração na fauna resistente do deserto amazônico para criar esculturas positrônicas-holográficas de alto impacto. A necessidade de sair do comum para conquistar atenção em meio a tantos estímulos audiovisuais sempre motivou a artista a sair de sua zona de conforto: “Eu acredito na arte que provoca, que eletrocuta corpo e mente, que se sobressai a partir do âmago obscuro de cada eu”, disse em entrevista na saída do hospital onde ficou internada para instalação de próteses após sua primeira turnê pela Ásia, na década passada.

Neta de imigrantes da extinta União Européia, ganhou os palcos mundiais com “Crocolaser”, uma performance de dança com crocodilos geneticamente modificados. Para muitos públicos, era a primeira vez que viam animais de verdade, e os feixes de raio laser que saíam dos olhos no mesmo ritmo da música criavam uma experiência que muitos relataram ser inebriante e quase mística.

Depois de alguns meses auxiliando na reconstrução dos teatros, pagamentos de indenizações e concluindo a fisioterapia para adaptação da nova mão mecânica, Stelita iniciou os trabalhos na que é considerada pelos críticos sua obra-prima: a torre de 120 andares feita com sanduíches petrificados de redes de fast food e iluminada pelo brilho de peixes abissais modificados, que viviam em um tanque de água mantida a alta pressão no centro da torre.

A Torre McAbissal foi visitada por 4 bilhões de pessoas durante 15 anos, até que se identificaram mutações não previstas nas criaturas. Um ano após o fechamento para visitantes, os tanques se romperam e 43 funcionários foram devorados pelos peixes até que Stelita em pessoa detivesse os animais usando seu recém-instalado braço lança-chamas.

Três anos atrás, quando ela comprou as usinas nucleares de Angra IX, X, XI e XII e as transformou em galerias de arte, já se imaginava que uma obra ainda mais ambiciosa que a Torre estaria a caminho. No entanto, a exposição “Fusões do Eu Interior Coletivo 3” revelou-se ser sua última ousadia artística.

A caixa com os átomos de Stelita recolhidos no local será exposta no Museu Guggenheim de Assunção, assim que os níveis de radioatividade o permitirem. A receita obtida com os ingressos para a visitação serão revertidos para reconstruir a cidade de Recife do Sul.

Tagged:

Previous article

Obituário - Maria Rosetta, pesquisadora

Next article

Obituário - Gerônimo R3B3L, atleta

Join the discussion

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.