A aldeia global
O Youtube anunciou o Aloud, nova ferramenta que permitirá criar dublagens de vídeos da plataforma em poucos minutos. Quando estiver disponível, permitirá que creators brasileiros possam disputar espaço com youtubers de todo o mundo (e vice-versa).
Ao mesmo tempo, avançam as capacidades de tradução das ferramentas de Inteligência Artificial, tanto na qualidade dos textos quanto no volume de tokens (ou seja, de palavras) por tradução.
Junte isso tudo e teremos um cenário que é tão interessante quanto desafiador para todo mundo que cria conteúdos, seja em texto (blogs, sites, perfis em redes sociais, contos) ou vídeos (e não vejo porque isso não se aplique, muito em breve, também aos podcasts). Estou falando do próximo passo, de conteúdos traduzidos/dublados de forma tão satisfatória que poderão ser oferecidos aos públicos como se escritos na lígua nativa. E não os recursos ainda toscos de tradução automática de sites ou posts em redes sociais.
Será interessante porque o criador que aborda um conteúdo de nicho, agora poderá chegar a membros daquele nicho do mundo todo de forma mais direta, na língua deles, ainda que saibamos que uma tradução e uma dublagem automáticas dificilmente substituirão, em qualidade, textos nativos ou traduzidos/dublados profissionalmente.
Mas também trará desafios. Produtores gigantes e financiados em dólar e euro lá de cima estarão inundando as redes brasileiras com conteúdos agora em português. Na hora da busca, como ficará o SEO num contexto onde toda a massa global de conteúdos se unifica (já que todos os sites estarão em todas as línguas)? Como ficam as questões locais, seja de cultura ou de informações mesmo? Pasteurizaremos ainda mais as culturas e particularidades locais em prol de uma maçaroca global unificada e neutra, otimizada para busca e performance?
É mais um enorme passo. Pra onde, cada vez sabemos menos.